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domingo, 6 de novembro de 2011

✿ Planto poesia em terra molhada de amor ✿


✿ Planto poesia
em terra molhada de amor ✿

Eu brinco, choro, sorrio.
Tenho problemas, pitadas de venenos,
às vezes, até desanimo.
Mas tenho o tempo, o espaço, a luz.
Saúde, doença, justiças, injustiças,
amigos, quem sabe alguns inimigos,
família, tudo, tudo,
concentrado em mim.
Reinicio todos os dias.
Morro um pouco todas as noites.
Só que sempre faço
manutenção preventiva.
Sou poeta inofensiva.
Penso e repenso a vida.
Creio em Deus sem limites.
Acolho e barbarizo.
Sou um mundo que naufraga,
num mundo que maltrata.
Avanço ou recuo
proporcionalmente as circunstâncias.
A felicidade sempre cabe
junto com tudo isso.
Um coração como outro qualquer.
Sou um caso de palavras nobres,
um dicionário
meio incompleto de palavras doces.
Canto, conto, juro, pago, cobro.
Tenho a compreensão
mas, nem sempre sou compreendida.
Não guardo por muito tempo
ingratidões censuráveis.
Tenho os pés fixos no solo.
Coleciono sentimentos em poemas
cheios de vírgulas.
Sou capaz de surgir e de me excluir.
Tenho alguns princípios antigos
que se entrelaçam
com alguns conceitos novinhos.
Idéias velhas mas, não nocivas.
Pelo menos me esforço
em me domesticar.
Estendo meu horizonte.
Não sei quantas mil mudas de poesias
já plantei nessa minha vida
reclamando
para encontrar paz de arrepiar.
Tenho alegrias
semelhantes as suas.
Tristezas,
muitas vezes profundas.
Propostas, vícios, virtudes,
algumas sombras de remorsos.
Repito incansàvelmente
das mais diversas formas
tudo o que sinto.
Chego a me surprender.
Teimo em conservar algumas impressões
que aos olhos alheios
parecem imperfeitas.
Isso talvez seja um defeito.
Quem não tem defeitos?
Meus próprios arroubos me consolam.
Sou um universo, um rosto, um resto,
perpetuando laços duradouros,
descartando com frequência
as árvores que não dão frutos sinceros.

Cecília Fidelli.
✿ Cheia de segredos explícitos ✿

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