✿ Planto poesia 
em terra molhada de amor ✿ 
 
Eu brinco, choro, sorrio. 
Tenho problemas, pitadas de venenos, 
às vezes, até desanimo. 
Mas tenho o tempo, o espaço, a luz. 
Saúde, doença, justiças, injustiças, 
amigos, quem sabe alguns inimigos, 
família, tudo, tudo, 
concentrado em mim. 
Reinicio todos os dias. 
Morro um pouco todas as noites. 
Só que sempre faço 
manutenção preventiva. 
Sou poeta inofensiva. 
Penso e repenso a vida. 
Creio em Deus sem limites. 
Acolho e barbarizo. 
Sou um mundo que naufraga, 
num mundo que maltrata. 
Avanço ou recuo 
proporcionalmente as circunstâncias. 
A felicidade sempre cabe 
junto com tudo isso. 
Um coração como outro qualquer. 
Sou um caso de palavras nobres, 
um dicionário 
meio incompleto de palavras doces. 
Canto, conto, juro, pago, cobro. 
Tenho a compreensão 
mas, nem sempre sou compreendida. 
Não guardo por muito tempo 
ingratidões censuráveis. 
Tenho os pés fixos no solo. 
Coleciono sentimentos em poemas 
cheios de vírgulas. 
Sou capaz de surgir e de me excluir. 
Tenho alguns princípios antigos 
que se entrelaçam 
com alguns conceitos novinhos. 
Idéias velhas mas, não nocivas. 
Pelo menos me esforço 
em me domesticar. 
Estendo meu horizonte. 
Não sei quantas mil mudas de poesias 
já plantei nessa minha vida 
reclamando 
para encontrar paz de arrepiar. 
Tenho alegrias 
semelhantes as suas. 
Tristezas, 
muitas vezes profundas. 
Propostas, vícios, virtudes, 
algumas sombras de remorsos. 
Repito incansàvelmente 
das mais diversas formas 
tudo o que sinto. 
Chego a me surprender. 
Teimo em conservar algumas impressões 
que aos olhos alheios 
parecem imperfeitas. 
Isso talvez seja um defeito. 
Quem não tem defeitos? 
Meus próprios arroubos me consolam. 
Sou um universo, um rosto, um resto, 
perpetuando laços duradouros, 
descartando com frequência 
as árvores que não dão frutos sinceros. 
 
Cecília Fidelli. 
✿ Cheia de segredos explícitos ✿
 | 
Nenhum comentário:
Postar um comentário